Território Provisório

A exposição reúne o trabalho das artistas Manoela Cavalinho, Jordi Tasso e Henrique Fagundes em três instalações, mostrando narrativas visuais instigantes sobre a memória coletiva e o apagamento de episódios autoritários. A abordagem passa dos processos políticos aos aspectos culturais de empoderamento do patriarcado, culto à tradição e ciclos de exclusão com as nuances do Sul do Brasil.

Usando diversos materiais, como fotografias de epigramas que demarcam locais relativos ao período da ditadura militar, vídeos e variados objetos pessoais, os criadores convidam a refletir sobre as relações sociais e os desdobramentos dos fatos políticos.

“Os trabalhos expostos renovam possibilidades de interpretações de uma história pretérita e presente. Provocam a memória coletiva a repensar o peso de regimes autoritários e o seletivo apagamento de fatos como a repressão e a tortura aos opositores durante a ditadura militar no país”, descreve o texto curatorial que acompanha a exposição.

artistas

É mestre em Psicologia Clínica, mestranda em Artes Visuais. Em seu trabalho aborda a memória pessoal e suas intersecções com a memória social e histórica.

Artista visual, graduando em Artes Visuais, usa linguagens como vídeo, performance, intervenção, instalação e plataformas web em temáticas que alargam as discussões sobre autoria, legitimidade artística e comportamentos sociais.

Tem formação em artes visuais, é artista multimídia. Realiza criações visuais e sonoras, relacionando os desdobramentos dessas experiências em outras mídias: trilhas sonoras para instalações e vídeos que servem de gatilho para sons, criando composições e relações sinestésicas.

curadoria

Curador independente, pesquisador, tradutor e produtor cultural. Atual diretor da Casa de Cultura Mario Quintana, coordena o espaço cultural Casa Baka desde 2005, com programação voltada à arte contemporânea. É bacharel em História da Arte e mestre em artes visuais.

“Território Provisório” indica uma proposição conceitual assentada entre variáveis que, se combinadas, revelam certa redundância propositalmente enfatizada.

À territorialização de um espaço, de forma indissolúvel, conjuga-se a ideia de provisoriedade, posto que a  definição de um território é forjada em tempos e espaços delimitados, em obediência a fronteiras, tratados e leis estabelecidos por indivíduos ou grupos que firmam seus domínios sobre determinada localidade. Na acelerada cena contemporânea, choques e disputas entre posicionamentos políticos extremados realçam a fluidez de categorias que a modernidade convencionou fixar em parâmetros estáveis. Uma verdadeira ficção que a vida e a arte persistem em desmascarar.

O Sul do País, reconhecido pelo culto à tradição e empoderamento do patriarcado, com sua história caracterizada por ciclos de exclusão e subalternidade, é o cenário a partir do qual os artistas aqui reunidos – politicamente inquietos e esteticamente indóceis – suscitam o debate em torno da tomada de poder, não raras vezes, obtida pelo acionamento de mecanismos de opressão, coerção e violência, em suas facetas simbólicas ou literais.

Desmembrando e justapondo elementos simbólicos de narrativas políticas consolidadas, os trabalhos expostos renovam possibilidades de interpretações de uma história pretérita e presente. Provocam a memória coletiva a repensar o peso de regimes autoritários e o seletivo apagamento de fatos como a repressão e a tortura aos opositores durante a ditadura militar no País. Revisitam a cartografia “oficial” encontrada em sites, livros e arquivos acerca do Rio Grande do Sul e de sua formação, sublinhando a crise de identidade política, histórica e territorial vivida no Estado. O arbitrário exercício de poder de instituições e mandatários, ironizado ou denunciado, instiga o público a repensar a potência da arte (e sua própria) sobre o protagonismo na História, sempre em movimento e em construção. Um território aberto ao diálogo e embate, provisório por excelência.

DIEGO GROISMAN, curador

data
De 20 de julho a 22 de agosto de 2021

visitação
De terças a domingo, das 10h às 18h, seguindo os protocolos sanitários.

local
Galeria Ecarta (Avenida João Pessoa, 943, bairro Farroupilha, Porto Alegre – RS)

entrada franca

vídeo