Pequena distância

Pequena distância trata-se de um projeto conjunto de exposição que é desenvolvido desde 2006 pelas artistas Glaucis de Morais, Mariana Silva da Silva e Mariane Rotter. Nesta edição da exposição pretende-se estabelecer um diálogo com a obra da artista Aileen Lambert. A partir da observação de alguns pontos de contato na produção das artistas, chega-se à idéia da distância como o intervalo que separa os trabalhos, mas que também os aproxima. Neste sentido uma pequena distância, a distância das proximidades. O foco das obras desenvolvidas transita pelas distâncias do corpo e seu entorno, pelas distâncias presentes nos próprios gestos. Opera-se um ato artístico que é definido pelo alcance do corpo de cada artista.

artistas

parte de um vídeo e foto instalados, em que um braço distendido configura-se como campo de atuação de um gesto. Uma brincadeira de localização, de reconhecimento do próprio corpo através do toque praticado por um outro. Presenciamos o instante em que o toque fixa-se em determinada região do corpo, demarcando este local onde se desenrola o fenômeno de aproximação. Em outra obra Glaucis investiga os limites que a separam do entorno, configurando uma espécie de geometria poética entre si e o mundo físico. Toma com seu corpo um lugar, demarcando ao mesmo tempo um espaço que exclui outros corpos. Linha imaginária que é delimitação física e passagem entre dois planos: o interior de seu corpo e aquilo que o circunda.

pensa nas situações de contato ora de seu próprio corpo, ora de pessoas próximas, em que os mais sutis acontecimentos se dão nas pequenas distâncias. A eletricidade dos cabelos, eletricidade passageira dos fios que hesitam em cair, o atrito da pele com um objeto, propõe questionamentos a propósito do contato em nossas fronteiras. E se tocar com seus próprios dedos a eletricidade dos cabelos for uma tentativa de tocar sua própria fronteira, tocar aquilo que momentaneamente margeia nossa superfície? Em obras mais recentes, a artista investiga a relação estabelecida entre a imagem do corpo individual e sua identidade e memória, evidenciando um contato constante entre fotógrafo e fotografado.

através de seu olhar para aquele que lhe é próximo, faz também um retrato dela mesma. Tira proveito da sua baixa estatura e registra seu cotidiano: seus lugares e seus amigos. Este recorte acaba por esconder o que seria o principal foco de um retrato: o rosto das pessoas, suas identidades, mas acaba por evidenciar outras: os detalhes, as mãos, os gestos instantâneos que foram capturados.Uma seqüência de fotografias que evidencia o recorte de um enquadramento inusitado. Uma maneira de se reconhecer através do enquadramento do corpo do outro.

produz em uma série de trabalhos performáticos a partir de gestos do corpo interagindo com o mundo. Para ela, a respiração é uma metáfora de nosso engajamento no ambiente – a inspiração da atmosfera para dentro de nosso corpo e sua posterior expiração, em um trânsito que nos coloca fisicamente em relação com o mundo. Para a artista a performance começa como uma experiência pessoal, a expressão de sua relação com o seu próprio corpo, e a relação de seu corpo com o ambiente, deixando um traço dela mesma em um lugar e tempo particular.

A pequena distância é aquela que mantém espécies de contato, seja consigo, seja com o outro. O contato, por sua vez, pode ser uma posição relativa, ou seja, não necessariamente constante, de corpos que se tocam, que se vêem, que interagem. Seria esta proximidade estabelecida com alguém ou alguma coisa, manter contato, contatos imediatos, um encontro a uma certa distância, contato visual. O corpo amplia sua extensão ao entrar em contato, com as pessoas e com o mundo, inscrevendo-nos através deste movimento contínuo de aproximar e distanciar.

em cartaz
22 de novembro  a 15 de janeiro de 2010,terça a sexta das 10h às 19h; sábados, das 10h às 20h;e domingos, das 10h às 18h.
Entrada franca

local
Fundação Ecarta – Av. João Pessoa, 943 –
Porto Alegre