Projeto Potência
Analógicas: Eternizar o Orgulho
No mês do Orgulho LGBTQIA+ a exposição celebra cinco anos do Bixa Analógica, projeto artístico dedicado à fotografia, com imagens de orgulho e glória da comunidade, com autoria de Erikson Veríssimo e Alexandre do Carmo.
O casal de fotógrafos reúne fotos de casamentos, Parada do Orgulho, pessoas anônimas abordadas na rua e personalidades como Valeria Barcellos, Brian Baldrati e a bancada legislativa LGBTQ+ de Porto Alegre.
As fotos têm sua autenticidade comprovada por um negativo fotográfico ao lado, trazendo o debate sobre a prova de autenticidade de imagens na era da Inteligência Artificial.
Reportado pelos autores como um manifesto analógico, a exposição resgata a imagem como prova concreta de vivências reais, histórias de glória e afetos que não abem em simulações.
Num tempo de imagens artificiais e descartáveis, a exposição escolhe o caminho oposto: aposta no analógico, no grão, no negativo como prova de autenticidade. Memórias contemporâneas são criadas com tecnologias analógicas e com elas se constroem novas narrativas que eternizam corpos e afetos historicamente silenciados.
“Um chamado à permanência em imagem, em luz, em corpo e em memória porque o orgulho se constrói quando nos vemos impressos, revelados e lembrados”.
artistas
Erikson Veríssimo
(RJ, 1996)
Formando em Licenciatura em Artes Visuais pela UFRJ (conclusão em julho de 2025) e técnico em Guia de Turismo (2015), Erikson Veríssimo possui formação complementar em Cinema Super 8 pela Oficina Super Off, com o Labirinto Lab (SP).
Foi curador do Festival Carioca de Fotografia Analógica no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (2023). Atuou como fotógrafo na São Paulo Fashion Week, registrando o backstage das marcas Neriage e Greg Joey (2022) e integrando a equipe oficial do pit na edição 56 (2023). Participa do acompanhamento artístico “Atirar a primeira pedra”, com curadoria de Yago Toscano (Itinera Arte), e dos encontros formativos “Percurso do Artista Faz Tudo”, com Jacqueline Melo.
Participou das exposições coletivas “Coro” (Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, 2024), “Fotografias da Cidade” (Galeria E Carta, Porto Alegre, 2022), e exibiu o filme Carmilla no Festival Super Off (Centro Cultural São Paulo). Atualmente expõe a obra “Difrair” no 4º Festival Vórtice (SP).
(SP, 1994)
Graduado em Direito pela UFRGS, Alexandre do Carmo é autor do trabalho de conclusão de curso “O consentimento implícito em locais com expectativa de privacidade reduzida: um estudo sobre direito de imagem” (2024), orientado por Maria Cláudia Cachapuz, com nota máxima.
Foi curador do Festival Carioca de Fotografia oi Analógica no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (2023). Atuou como fotógrafo na São Paulo Fashion Week, registrando o backstage das marcas Neriage e Greg Joey (2022), e integrou a equipe oficial do pit na edição 56 (2023). Participou das exposições coletivas “Fotografias da Cidade” (Galeria E Carta, Porto Alegre, 2022) e exibiu o filme Carmilla no Festival Super Off (Centro Cultural São Paulo), no curso de Cinema Super 8 pela Oficina Super Off, com o Labirinto Lab (SP).
texto curatorial
Produtora e curadora independente com atuação desde 2007 nas áreas cultural, audiovisual e de artes visuais. É uma das gestoras da Casa da Escada Colorida, espaço independente na Escadaria Selarón (Lapa/RJ), e integra a equipe da produtora TVa2, além de editar o Caderno de Cultura e Mídia da agência internacional Pressenza.
No audiovisual, participou da produção de filmes como Espero tua (re)volta, Incompatível com a Vida, Olympia 2016, O Estopim e Armados, além da série Tempo Presente (Canal Futura). Também atuou na produção de curtas, fashion films e videoclipes.
Na curadoria e produção de exposições, tem trabalhos em instituições como Museu Bispo do Rosário, Centro Hélio Oiticica, Museu da Escravidão e Liberdade, Espaço UFF, SESC-RJ, Casa França-Brasil, entre outras. Coordena desde 2018 a edição carioca do FICNOVA – Festival Internacional de Cinema da Não Violência Ativa.
É graduanda em Jornalismo pela Estácio de Sá e cursou História da Arte na EBA/UFRJ
Analógicas: Eternizar o Orgulho
Analógicas: Eternizar o Orgulho
Há gestos que desafiam o tempo. Fotografar com filme, hoje, é um deles. Mais do que um estilo, é uma escolha política, poética e sensível e é exatamente nessa encruzilhada de resistência e beleza que nasce a Bixa Analógica, projeto que celebra cinco anos de existência nas mãos e nos olhos atentos de Erikson Veríssimo e Alexandre do Carmo.
“Analógicas: Eternizar o Orgulho” não é apenas uma exposição de imagens, é um manifesto. Um grito calmo, porém irrefutável, de que o amor entre pessoas LGBTQIA+ merece ser lembrado com nitidez, permanência e afeto. Ao revelarem seus retratos em película, os artistas reafirmam que a história da comunidade não se apaga, não se simula e não se inventa: ela é vivida, impressa, revelada e guardada.
Alexandre e Erikson são mais que fotógrafos, são cúmplices na vida e na arte. Através de suas lentes analógicas, capturam casamentos, festas, paradas, afetos e rostos que muitas vezes não são vistos ou narrados com a dignidade que merecem. Suas fotografias contam histórias reais, das que passam pela dor, pelo luto, pela superação e, sobretudo, pela celebração. Como o retrato de Green Stay Hoo, drag criada por Everton em meio à dor da perda, símbolo de renascimento e de uma coragem que se expressa no salto alto, no brilho e na recusa de qualquer vergonha de ser.
Ao exporem também os negativos das imagens (pequenos pedaços físicos de memória) os artistas vão além da estética. Em tempos de inteligência artificial, fake news e deepfakes, o negativo se torna documento, testemunho e prova. Como adulterar um negativo? A imagem que vem da película é, por definição, real. E se há algo que Alexandre e Erikson nos mostram com tanta generosidade é que a realidade LGBTQIA+ também é feita de ternura, beleza e pertencimento.
Há força no gesto de fotografar o amor. Há revolução na imagem de dois corpos que se olham com carinho, se casam, se mostram, se revelam. Há delicadeza e potência na forma como esses dois artistas resgatam histórias e rostos muitas vezes silenciados, não com pressa, mas com cuidado, com escuta e com tempo. Cada imagem é um ato de permanência.
Essa exposição é uma oferenda. É feita de grãos de prata, de memória viva e de gestos de resistência cotidiana. É feita de orgulho, esse sentimento que só floresce quando nos vemos dignamente representados. Ao eternizarem corpos e afetos através da fotografia analógica, Alexandre e Erikson nos lembram que existir, amar e celebrar ainda é uma revolução.
Que cada visitante possa se ver, se reconhecer e se emocionar. Que cada imagem seja semente de liberdade, e cada negativo uma prova de que estivemos aqui.
Jacqueline Melo
obras
Cerca de 30 fotografias analógicas emolduradas e impressas em fine art em dimensões que variam entre A4, A3 e A2, colagem analógica, filmes 35mm. Além de algumas soluções expositivas como álbuns fotográficos, lupas, luz portátil para visualização dos filmes.
abertura
13 de junho de 2025, 19h
visitação
até 13 de julho de 2025
Conversa com artistas e curadores
13 de junho, sexta-feira, às 17h, sala 3