Sinfonia Suja

No repertório, Sempre Sonhei (Remix), Equilíbrio, Qual Remédio Vai Curar, Andei e Esse é o Preço – de Fiapo e Zone; De Perto Passa Longe, Dar na Vista, Ego Genial e Evolusom – de Fiapo; Back In The Time, Breakdown e Ninja Turtle Scratch – de Canini; Ruas do Silêncio, Inverdades e Hip Hop – de Zones; e  Uma fala sobre o hip hop e uma poesia declamada chamada de Campo de bolsovits a capela.

O hip hop é uma cultura artística que surgiu nos anos 70 nas áreas centrais de comunidades afro-americanas, latinas e jamaicanas da cidade de Nova Iorque, nos Estados Unidos. O primeiro elemento foi “Rhythm and Poetry – RAP ( Ritmo e Poesia”, em tradução livre).

Com a criação e comércio desacelerado dos CDs (compact disc), a classe média americana começa a se desfazer de seus toca-discos de vinil, então os jovens dos subúrbios os recolhem e os reciclam, produzindo novos sons, criando o “scratching”, que é arranhar a agulha no disco de vinil no sentido anti-horário, o “phasing”, alterando a rotação do disco, e o “needle rocking”, a produção de eco entre duas picapes. Desta forma é lançada a base musical, ou melhor, o “break beats”, do RAP. Esses DJs (“disc jockeys”) produziam seus sons nas ruas e becos, desta forma proporcionando o surgimento do movimento Hip Hop, que passou a unir a “break dance”, o RAP, o Graffiti, e o estilo “b-boy” (“b-girl”) com suas grifes esportivas.

É uma forma de manifestar os sentimentos de uma população marginalizada que vive em condições de pobreza e extrema pobreza, enfrentando adversidades de ordem social e econômica, como racismo, tráfico de drogas, violência, desemprego, fome, e a falta de estruturas que os permitam viver uma vida plena.

Segundo a Anistia Internacional, no Brasil, são assassinados, em média, 82 jovens por dia. Do total dos mortos, 77% são negros.

A taxa de homicídios de jovens nos bairros mais pobres chega a 136 mortes por 100 mil habitantes. Nas áreas mais ricas, a taxa se aproxima de zero. A coordenadora da plataforma Centros Urbanos do Unicef, Luciana Phebo, enfatizou que “reduzir as desigualdades é reduzir os assassinatos de jovens e adolescentes brasileiros” (Agência Brasil, Daniel Mello-2015).

Porto Alegre é a sétima capital mais violenta do país, de acordo com o Atlas da Violência 2018. O Atlas mostra que metade dos homicídios registrados no Brasil em 2016 ocorreram em apenas 123 cidades brasileiras. Dessas, sete estão no Rio Grande do Sul. Viamão lidera a lista gaúcha com taxa de 77,1, seguida por Alvorada (71,8), Porto Alegre (58,1), Canoas (47,9), Gravataí (42), Caxias do Sul (35,5) e Pelotas (26,8).

O Rap nacional, está tradicionalmente ligado à transformações artísticas, culturais, sociais e políticas. Intentos que norteiam a mente de um ser em constante formação: o modo como ele se sente e se liga à arte; o modo como se expressa em comunidade; sua interação com o outro e com o meio e sua articulação em busca de mudanças positivas para si mesmo e para a sociedade como um todo.

os artistas

Nascido em 1982, o morador do Bairro Floresta, zona norte de Porto Alegre, aprendeu a arte dos Toca Discos no ano 2000, quando frequentou as oficinas de Rap do DJ Deeley do Da Guedes.

Ex-integrante dos grupos Intuição de Rua, 288 e Família Sarará, já se apresentou diversas vezes na capital, interior e litoral do Estado. Em 2021, fez uma participação especial na canção Social Distancing, da cantora Masia One, de Singapura. Também lançou um EP chamado City Streets, com cinco faixas totalmente instrumentais, repletas de muitos scratches e batidas. Destaque especial para a faixa Arabic Storm, que rendeu um videoclipe feito em parceria com a Bailarina Mylene Silva, considerada uma das melhores e mais importantes dançarinas da Cena da Dança do Ventre do Estado do Rio Grande do Sul. A confecção dessa faixa Áudio Visual também resultou em uma matéria no Jornal Diário Gaúcho.

Em 2021 e 2022, DJ Canini tem firmado parceria com diversos MCs da Cena Hip Hop, compondo e gravando novas músicas e videoclipes em conjunto com: Apelidado Xis, Phantom, Gigante no MIC, DJ TG Beats, Zone, Forms, Fiapo, entre outros. Em 2022 tem se apresentado como DJ no Collab Casa Azul, na Cidade Baixa da Capital.

Fernando nasceu em 1988, ainda na infância apelidado de Fiapo. Em 2005, aproximadamente, começou a cantar e compor. Membro da cultura hip-hop, formou o seu primeiro grupo de rap “Soldados”, e assim: Fiapo Soldado. Já cantou em eventos como: Jogos de Verão da Alvo – Associação Cultural, Semana do Hip Hop de Esteio, Alvorada é só Rap, Cohab é só Rap, Alvo nas Escolas, Hip-Hop Adverte, Underground Garage Festival, entre outros.

Produtor musical independente, em 2008 ganhou o Energia o 1° Festival da Juventude de Alvorada. Em 2009, chegou às finais do Festival FUNK E HIP-HOP DO SUL. No ano seguinte, teve a música Faz o Chão Tremer, como trilha sonora do filme “Eu Odeio o Orkut”. Integrante da ALVO – Associação Cultural, ganhador do 1° Prêmio diversidade RS.

Fiapo Soldado fundou e participou de diversos grupos e bandas, como a banda ConcentrAção, grupo de RAP chamado de Responsa, fazendo shows no estado de São Paulo. Gravou e produziu o D’alvorada Cypher, projeto que visa dar oportunidade e espaço, além de propor a interação cultural entre artistas de Alvorada, como Nega Lika, Jacksan, Bushido, Lipe MRAP, Duda FRS, NH RAP, Zone, Janove, White Jay, DoisGe, Guga BZL, Rai Gutierrez, Doug Bad, Rua 3, dentre outros que participaram indiretamente.

Em 2020 fundou a banda NXOXM (Nova Ordem Musical) e vem produzindo os próprios EPs e de seus parceiros musicais. No mesmo período, criou músicas com Nado Nerds, Ação Subsolo, Titi, DJ Canini, Zone, Sirilo da Fusão, Banda do GrooVI, Rafuagi, W Negro, além de produzir o 2° EP do Zone, e o primeiro EP do Macarrão. Com estúdio próprio, Fiapo segue criando, gravando, se apresentando e produzindo. Como produtor, já realizou a gravação de três EPs/CDs de outros artistas, além dos seus próprios. Como MC, Fiapo está na produção do seu quinto EP/CD.

Zonézio é um MC residente da cidade de Alvorada/RS, iniciou como compositor em 2004. Em 2005 iniciou também no processo de “beatmaker”, fazendo suas próprias batidas. Nesse ano também fundou o grupo Subversos, ao lado de outros MC’s, continua atuando. Também faz parte do coletivo South Crew, que divulga a cultura “Sound System” no sul do Brasil.

Já se apresentou em diversas cidades da região metropolitana de Porto Alegre, como a Casa de Praia, Entre Bar, Casa de Teatro, Subtê Café (Alvorada), Riff Bar, Select Pub (Gravataí) Skatepark IAPI, Parque Marinha do Brasil, Piso Liso (Charqueadas), Praça Júlio de Castilhos (São Jerônimo). Casa Rock Palermo, Makena Cantina Club (Afomama Jams) e La Dama de Bollini, na cidade de Buenos Aires, Argentina.

Fez diversas parcerias com grupos e artistas solos locais, entre eles: Fiapo Soldado, Nerds, Ação Subsolo, Ras Bacana, Bandoch, Sintonia N.A., Pingreen. Além de algumas parcerias internacionais com artistas uruguaios, sendo eles, Deesaenz, residente da cidade de Mercedes, e, Madness do grupo Beat Urbano de Montevidéu.

Tem 3 EPs lançados, um deles em parceria com Fiapo. Em 2021 lançou o “single” com clipe da faixa Orquestra das Ruas, em parceria com DJ Canini, Phantom DK, com produção do DJ TG Beats, sendo os dois últimos de São Paulo e com visibilidade no cenário nacional do RAP.

data
14 de janeiro de 2023, 18 horas

local
Fundação Ecarta (Avenida João Pessoa, 943 – Porto Alegre). Transmissão ao vivo pelo Canal do Youtube da Fundação Ecarta.

entrada franca