I Encontro de Estudos Ciganos
De caráter independente, a iniciativa tem por objetivo criar um espaço para difusão e debate de ideias acerca da questão cigana/romani, a partir da reunião de pesquisadores de reconhecida trajetória, com trabalhos nos campos das ciências sociais, geografia, musicologia e artes. O evento contará com quatro palestras e um show musical.
data e horário
4 e 5 de abril de 2020, das 10h às 17h45
local
Fundação Ecarta (Avenida João Pessoa, 943 – Porto Alegre – RS)
inscrição
R$ 440,00
(pode ser parcelado em 12 vezes)
https://www.sympla.com.br ou pelo e-mail baxtale.muzika@gmail.com e whatsapp 51 998426198
realização
4 de abril de 2020 – 10h às 12h
Os povos romanis (ciganos) através do canto
por Aline Miklos
Romi, cantora, compositora, produtora e doutoranda em história da arte (EHESS/USP). Atualmente vive em Buenos Aires e integra o grupo de música klezmer e balcânica, “Segundo Mundo”, tendo participado das gravações do seu CD “Furor Ancestral” (2017). É coordenadora do projeto Kalo Chiriklo, que trabalha as imbricações entre cultura musical, educação e direitos humanos das comunidades ciganas na América Latina. Foi convidada pela Universidade de Harvard para integrar a programação da conferência “Neglected Voices: The Global Roma Diaspora” (2019) e, mais recentemente, foi agraciada com a bolsa “Minority Fellowship Programme”, oferecida pela Organização das Nações Unidas (ONU).
O que dizem os cantos romanis (ciganos)? Como dizem? Por que dizem? Através da palavra, do canto e da maneira de se fazer música, Aline Miklos percorrerá diferentes estilos musicais que marcaram os povos romanis. Através da música podemos conhecer muito sobre culturas, histórias e visões de mundo. Por isto, durante este encontro propomos as seguintes atividades: breve introdução as histórias e culturas dos povos romanis; introdução a “música cigana”; música e identidade; problematização de termos como “cigano” “nomadismo” e “música cigana”; relação entre migração, expulsão, marginalidade e música nas comunidades ciganas; os estereótipos na música; análise de canções e estilos de canto que marcam o povo romani e os estilos de música relacionados a ele; breve introdução a língua romani. Ademais, algumas canções e alguns ritmos serão trabalhados em grupo.
4 de março de 2020 – 13h às 15h
Ideias políticas e narrativas diaspóricas
por Marcos Toyanski
Doutor em Geografia Humana pela Universidade de São Paulo (2012), com estágio de pesquisa no Institute of Ethnology and Folklore Studies with Ethnographic Museum de Sofia. Mestre em Geografia Humana pela Universidade de São Paulo (2007). Realizou estágio de pesquisa pós-doutoral no Departamento de Antropologia da Universidad de Sevilla (2015-2016), com apoio da Capes. Em 2019, foi convidado para participar da conferência “Neglected Voices: The Global Roma Diaspora”, na Universidade de Harvard. Atualmente é coordenador do Grupo de Estudos Ciganos no LEER-USP e pesquisador em Ciências Sociais e Humanas no Centro de Pesquisa e Formação do SESC SP
Desde a chegada em solo europeu, os ciganos foram submetidos a diversas políticas estatais. A segmentação interna dos ciganos, dispersos pelo continente e vivendo em ambientes políticos e sociais distintos, coloca desafios para a unificação dos grupos. Esta palestra apresenta o surgimento de ideias políticas ciganas na Europa e como foi moldado o chamado movimento internacional romani, destacando os dilemas acerca da integração e da autodeterminação, assim como algumas narrativas diaspóricas dos grupos.
5 de março de 2020 – 10h às 12h
Ativismo Cigano e políticas públicas para Ciganos no Brasil
por Rose Winter
Cigana sinti, dançarina e ativista pelos direitos humanos. É Presidente da Associação dos Ciganos Itinerantes do Rio Grande do Sul (Acirgs), Operadora de Direitos Étnicos e Coletivos de Povos e Comunidades Tradicionais, Representante da Etnia Cigana no Comitê dos Povos e Comunidades Tradicionais do Pampa, Representante da Etnia Cigana no Núcleo de Defesa dos Direitos dos Povos e Comunidades Tradicionais do Paraná.
Quais os desafios enfrentados pelas comunidades ciganas, na sociedade brasileira contemporânea? Podem identificar-se desafios regionais, ou tais comunidades enfrentam as mesmas problemáticas a nível nacional? De que forma as políticas públicas estão sendo desenhadas para resolver tais desafios? Quais os principais fóruns em que estão sendo debatidas as necessidades mais urgentes das comunidades ciganas brasileiras? Nesta palestra a ativista cigana Rose Winter apresenta reflexões e possíveis caminhos a partir de sua experiência direta como ativista no campo dos direitos humanos envolvendo ciganos, no Brasil.
5 de março de 2020 – 13h às 15h
Tradições musicais ciganas da Hungria
por Ivan Andrade
Mestre em Etnomusicologia, pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2016), realizou pesquisa etnográfica no Noroeste Argentino, estudando a prática do canto de coplas com caja por mulheres indígenas (2012 – 2017). Apresentou os resultados da referida investigação em eventos acadêmicos no Brasil, Uruguai, Argentina e Portugal. Desde 2008 pesquisa, como autodidata, a cultura cigana/romani, sendo fundador e diretor do Baxtale! – Grupo de Pesquisa em Música Romani, ensemble dedicado à pesquisa e performance do repertório de canções tradicionais dos vlax roma (“ciganos vlax”), da Hungria.
Nesta apresentação, será introduzida a discussão sobre o termo “música cigana”, desde o contexto magiar. Serão visitados referenciais importantes da musicologia húngara, de modo a elucidar as relações de convergência e divergência entre os ambientes rural e urbano, segmentos de músicos ciganos romungro e tradições musicais folclóricas e populares, no país. Desde o âmbito de tais distinções, serão apresentadas especificidades relativas às tradições musicais propriamente ciganas/romani, protagonizadas pelos grupos boyash e vlax. No que tange a este último, serão detalhados os gêneros constitutivos da tradição musical vlax romani, aspectos linguísticos, relações com a prática da dança, bem como, com a organização social das referidas comunidades. Finalmente, será apresentado um histórico do movimento de folclore romani, desenvolvido a partir da década de 1970, seus principais protagonistas, a decorrente modernização estilística do repertório vlach tradicional, bem como, algumas das implicações políticas do referido movimento cultural.
Baxtale! + Aline Miklos (Kalo Chiriklo)
No repertório, serão apresentadas canções de tradição romani, da região dos Bálcãs, bem como, da Europa Central e do Leste. O evento contará com participação de Guilherme Gul, especialista em percussão oriental.