OPO Cirúrgica completa um ano sediada na Santa Casa de Porto Alegre

 

O presidente da Fundação Ecarta, Marcos Fuhr e a coordenadora do projeto Cultura Doadora, Glaci Borges, estiveram em visita nesta quarta-feira (22/01) à Organização de Procura de Órgãos (OPO) sediada na Santa Casa de Porto Alegre, que congrega a equipe clínica da OPO 1, coordenada pela médica Fernanda Bonow e pela equipe cirúrgica da OPO 7, dirigida pela enfermeira Kellen Mayer Machado.

A OPO Cirúrgica completou um ano na nova sede, agregando  mais 20 profissionais à equipe da OPO Santa Casa. Antes de dezembro de 2023 funcionava no Instituto do Coração, que passa por dificuldades em vários âmbitos e está em recuperação judicial.

Responsável por captar rins em todo o Rio Grande do Sul e armazenar outros órgãos até a regulação feita pela Central de Transplantes do RS, a equipe da OPO Cirúrgica atua em conjunto com a OPO1, que prospecta órgãos nos 26 hospitais da Região Metropolitana, potencializando a estrutura e os profissionais para ampliar a captação. “Conseguimos nos ajudar entre todos”, testemunha Kellen.

Para Marcos Fuhr, a mudança da OPO Cirurgica para a Santa Casa foi bastante positiva por ser um dos principais centros transplantadores do país. “Oferece melhores condições de operacionalidade junto a OPO 1, que já tem 15 anos de expertise. São equipes preparadas, experientes, um grupo bastante comprometido com a causa e profissionais que são parceiros de longa data do Cultura Doadora como palestrantes em várias iniciativas”, completou.

“Nosso trabalho envolve o auxílio no diagnóstico de morte encefálica, a entrevista com as famílias para entender a vontade delas em relação à doação de órgãos, a avaliação do doador quanto à possibilidade de doenças transmissíveis, a condução dos aspectos legais envolvidos e a participação na logística após a autorização da doação”, pontua a coordenadora da OPO1, Fernanda Bonow.

A equipe clínica é formada por médicos, enfermeiros e auxiliares administrativos, que atuam presencialmente em todas as etapas do processo de doação de órgãos. “Em parceria com as equipes locais dos hospitais, já colaboramos para o diagnóstico de mais de 2.600 casos de morte encefálica e efetivamos mais de 1.100 doadores de órgãos e tecidos”, registra Bonow.

Início da captação de ossos

As coordenadoras das OPO 1 e 7 informaram a sintonia e suporte conjuntos das equipes para potencializar os transplantes no RS, que já foi líder nacional na captação e atualmente é superado por vários outros estados do país.

Fernanda e Kellen também comemoram o início da captação de ossos, tecido que é enviado para o Banco de Ossos de Passo Fundo, responsável por processar e distribuir o material. Antes, apenas a equipe do próprio Banco de Ossos coletava material, o que mantinha os estoques baixos.

OPOs e Cidhott operam articuladas à Central de Transplantes

O Rio Grande do Sul conta com sete OPOs, sediadas em hospitais das macrorregiões Metropolitana, Serra, Vales e Norte. São seis OPOs que fazem a busca ativa de doadores e a notificação de morte encefálica, e uma OPO cirúrgica, composta por equipe de médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem, responsáveis pela captação e logística de transporte de órgãos.

Recursos públicos devem chegar às Cihdotts

Há recursos públicos do Sistema de Transplantes destinados especificamente a cada município onde estão constituídas 67 Comissões Intra-hospitalares de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (Cihdott).

São formadas por equipes multiprofissionais da área de saúde e têm a finalidade de organizar, dentro dos hospitais, as rotinas e protocolos que possibilitem o processo de doação de órgãos e tecidos para transplantes.

Foi referida a situação que gestores municipais têm dirigido as verbas para outros fins, e o recurso específico não chega as Cidhott,  fragilizando o trabalho das equipes, reduzindo as captações e transplantes. Uma reunião do Grupo de Apoio em Transplantes (GAT) está prevista para fevereiro quando essa irregularidade é uma das pautas principais. E todos os dias morrem pacientes na lista de espera por órgãos.

Formação de entrevistadores para reduzir negativas

Mais de 40% das famílias não autoriza a doação de órgãos. A coordenadora do Cultura Doadora, Glaci Borges, informou que será realizado o segundo seminário de formação para entrevistadores, profissionais essenciais para informar e preparar famílias para a doação nos casos de morte encefálica, condição única para a doação de múltiplos órgãos.

Habilitar para a comunicação de más notícias, a importância do acolhimento familiar e como reverter a não autorização familiar foram tema da primeira edição realizada em 2023, reunindo profissionais de todo o estado com repercussão muito positiva, ensejando uma nova formação.

O Brasil possuiu o maior e mais seguro sistema de transplantes do mundo, sendo referência internacional. No país, após constatada a morte encefálica de um doador de órgãos e com a concordância da família, é feita uma série de exames para rastrear possíveis doenças antes da doação de órgãos. É nesse momento que são testadas doenças como HIV, sífilis, toxoplasmose, doença de chagas e hepatites, entre outras.

No RS, os exames são realizados por laboratórios dos próprios hospitais e, em alguns casos, por hospitais da capital que possuem OPOs, como a Santa Casa de Misericórdia e o Hospital São Lucas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). O Estado não utiliza rede externa de laboratórios privados para a realização desses exames.

Corrida contra o tempo

Durante a agenda, que integra o cronograma de visitas institucionais do Cultura Doadora a órgãos que integram o Sistema Estadual de Transplantes e também acompanha a execução do Plano Estadual de Transplantes, Marcos Fuhr reiterou a política de proximidade institucional com os diferentes agentes que atuam  no sistema de doação e transplante no intuito de colaborar no aprimoramento.

No início do mês ocorreu o encontro com a coordenação da Central de Transplantes.

Durante a visita, também foi o entregue às OPOs o livro-reportagem “Corrida contra o tempo – O que compromete a doação de órgãos e a eficiência do sistema de transplantes no Brasil” (Carta Editora, 248 páginas), da jornalista Valéria Ochôa, com reportagens dos jornalistas Flávio Ilha, Marcia Anita, Stela Pastore e Valéria Ochôa e fotografia de Igor Sperotto. A obra conta com prefácio do médico Valter Duro Garcia, uma das maiores referências em transplantes do país, assina o prefácio da publicação.