CULTURA DOADORA

Campo Bom mobilizada pela doação de órgãos

O município de Campo Bom está realizando um movimento para ampliar a doação de órgãos na região e o número de transplantes no Rio Grande do Sul. As articulações iniciaram em 2021 entre a Fundação Ecarta, por meio do projeto Cultura Doadora, e a administração municipal visando a promover um conjunto de ações de formação sobre esse tema que salva vidas.

Cerca de 2500 pessoas no estado e um total de 50 mil no país estão em lista por um transplante. O RS já foi o primeiro entre os 26 estados brasileiros em doação de órgãos e atualmente ocupa a oitava posição.

A primeira-dama Kátia Orsi coordena esse movimento local mobilizando os órgãos municipais, como a Câmara de Vereadores, instituições de ensino e demais entidades que queiram somar-se a este propósito. “Precisamos fomentar esse tema, levarmos a informação e, assim, criarmos uma cultura de doação. A comissão formada tem o importante papel de viabilizar doações, como esclarecer dúvidas e desmistificar o tema”, reforça o prefeito Luciano Orsi.

Este movimento em Campo Bom já avançou com a adesão do Hospital Lauro Reus com a instalando da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos (Cihdott), instrumento fundamental para assegurar a captação de potenciais doadores.

Conscientização salva vidas

A ação proposta pelo projeto Cultura Doadora em Campo Bom está inspirada nos resultados positivos alcançados em Montenegro. O município do Vale do Caí não tinha nenhum doador, mesmo tendo um hospital 100% SUS. Após um movimento articulado no município, com gestores, empresas, sociedade e a mídia local, o volume de doadores chegou a 62% em menos de um ano.

Este resultado salvou muitas vidas e inspira a seguir desafiando os municípios a se engajarem nessas campanhas cidadãs que dependem apenas da boa vontade da comunidade e do poder público. Estamos muito satisfeitos com a receptividade”, declara o presidente da Fundação Ecarta, Marcos Furh.

Formação de profissionais de saúde e educação

Nesta quarta-feira, 15/6, 14 horas, ocorre a palestra para agentes de saúde do município e outra está agendada para 29 deste mês, no mesmo horário para os demais profissionais de saúde. As atividades ocorrem na Câmara de Vereadores com palestra das integrantes da Organização de Procura de Órgãos (OPO) e da produtora do projeto Cultura Doadora, Glaci Borges.

As OPOs são um órgão executivo da Comissão Nacional de Transplantes de Órgãos e Tecidos. Para os médicos, a formação será dia 27 de julho, no mesmo horário e local. “Com a adesão do hospital, que passa a integrar a rede de hospitais capacitados a fazer a captação, o projeto se tornará realidade”, destaca a médica. Fernanda Bonow, coordenadora da OPO1, que congrega 27 municípios da Região Metropolitana.

Conhecer a vontade dos familiares

A advogada de Campo Bom, transplantada e incentivadora do projeto Anália Goreti da Silva, 63 anos, está engajada no propósito de ampliar a consciência sobre a importância das famílias dialogarem sobre o tema sabendo a decisão pela doação de órgãos. “Isso facilita muito em horas de fatalidades com perda de familiares que poderiam salvar muitas vidas. São os familiares os responsáveis por autorizar a doação no momento da morte. Conhecer a vontade do ente querido facilita a decisão”, entende Anália, que pôde seguir sua vida a partir da doação de um pulmão.

Apenas pacientes com morte encefálica são doadores de múltiplos órgãos, representando menos de 2% do total de óbitos, além da circunstância ocorra apenas em ambiente hospitalar, como UTIS ou emergências. Do total de doadores, cerca de 50% das famílias nega a doação. A possibilidade de uma pessoa ser doadora é de 10%, enquanto a possibilidade de precisar de um órgão é 40%.

“Há muita desinformação sobre o assunto especialmente porque envolve o tema da morte. Porém, é esse diálogo que permite salvar vidas e interromper o sofrimento de milhares que esperam por um gesto assim”, demostra Glaci Borges produtora do projeto Cultura Doadora há 10 anos e entusiasta do tema. Palestrante sobre o tema para duas turmas da Emef Lúcia Mossmann em junho, Glaci comemora essa parceria com o município. Estamos muito animados com este trabalho empreendido em Campo Bom”, conclui.