Compacto Simples, as 

memórias (quase) perdidas da Avalanche

Os artistas Matheus Walter e Virginia Simone, do grupo Avalanche, apresenta a exposição Compacto Simples. O título, extraído do universo da música pop, faz referência à maneira que a exposição será montada. Trabalhos realizados em técnicas e suportes distintos estão exibidos em cada uma das salas (ou lados) da galeria Ecarta. As obras, no entanto, têm na questão da memória um assunto comum.

No Lado A, Vídeo da Casa reúne imagens captadas em formato digital, entre 2010 e 2014, que mostram a destruição de um velho sobrado da Rua Santo Antônio, em Porto Alegre. Entre os anos de 2005 e 2012, a casa, também chamada de Avalanche, foi lugar de morada, criação e convívio, além de abrigo para um acervo de roupas e objetos reunidos em anos de pesquisas. “Os anos de ocupação da casa, tingidos de alegria e entusiasmo, contrastam com o aspecto cru da demolição de um imóvel urbano. Vídeo da Casa possui, inevitavelmente, um apelo político passível de discussão em tempos de crise: o debate sobre a especulação imobiliária e suas consequências”, considera Matheus.

No Lado B, a série Álbuns traz uma coleção de impressos, fotos, desenhos, etiquetas, adesivos, panfletos e recortes, todos materiais de diferentes tempos e espaços reunidos em antigos álbuns de fotografias. O trabalho propõe uma forma de organização e apresentação do que a dupla chama de achados arqueológicos. Os temas são variados e organizados por conteúdo, forma, período histórico ou livre associação: o Álbum da Indústria Fonográfica evoca a produção gráfica de capas de discos e publicações do gênero; o Álbum da Mulher reúne desenhos e imagens femininas de revistas e livros de diversas épocas; o Álbum de Botticelli insere folhas de uma planta medicinal em um livro sobre o pintor renascentista.
“Em um típico caso ‘A influencia B’, todo o conceito dos álbuns vem da necessidade de criar obras menores. O motivo é o simples fato de a casa, estrutura gigantesca e misteriosa – pode-se dizer um grande álbum que guardava toda a sorte de objetos –, ter sido destruída e o tamanho do ‘atelier’ drasticamente reduzido”, explica Virginia.

artista

Matheus Walter e Virginia Simone integram a Avalanche, que fundaram em 2005, ao lado dos hoje radicados em Berlim Gustavo Jahn e Melissa Dullius. Como Avalanche atuam em diversos segmentos: cinema, artes visuais, música e rádio. Na área cinematográfica dirigiram, entre outros, os curtas A Mão do Homem Morto (2011), Plano (2015) – premiado no Festival de Cinema da Fronteira pela Melhor Direção –, e finalizam o documentário longa-metragem Chaminé – O Sucesso e o Abstrato. Em 2010, a exposição Paraísos Perdidos Séc. XX ocupou três espaços na Usina do Gasômetro: Galeria dos Arcos, Galeria Lunara e Sala PF Gastal. Em 2015, a instalação Pirita fez parte da coletiva A Mão Negativa, com curadoria de Bernardo José de Souza, no Parque Lage, Rio de Janeiro.

em cartaz
De 5 de maio de 2016 a 19 de junho de 2016

local
Fundação Ecarta (Av. João Pessoa, 943, Porto Alegre)