Arte, Design & Moda Costuras

A exposição Arte, Design & Moda: Costuras (acesse texto da curadora Paula Ramos) – abrindo a programação 2007 do Espaço Ecarta, que tem como foco a articulação dos campos das artes visuais e do design – traz justamente obras de dois artistas que operam a partir de cruzamentos semelhantes. São eles: Felix Bressan e Carlos Brum Motta.

curadora

É jornalista, crítica de arte e doutoranda em Artes Visuais, ênfase em História, Teoria e Crítica de Arte/UFRGS. É professora de História da Arte junto ao Centro Universitário Feevale e ao Centro Universitário Ritter dos Reis.

artistas

Escultor, cenógrafo e professor universitário, Felix Bressan é dos nomes mais importantes do cenário artístico brasileiro, tendo sido finalista, em 2006, do Prêmio Mario Pedrosa, conferido pela ABCA (Associação Brasileira de Críticos de Arte) a um artista contemporâneo de destaque.

Formado em Artes Plásticas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1992), com Mestrado em Poéticas Visuais pela mesma instituição (UFRGS, 1996), Felix iniciou sua trajetória em 1979, em Caxias do Sul, junto à pequena empresa de sua mãe. Trabalhava com modelagem e confecção de vestuário, permanecendo nesta função até 1990. Tal experiência foi marcante, influenciando toda uma série de trabalhos posteriores, inclusive os da série Corpo Ausente, representada nesta exposição.

Felix traz em seu currículo várias mostras individuais, como na Galeria Thomas Cohn, no Rio de Janeiro e em São Paulo, na Bolsa de Arte, em Porto Alegre, e no Centro Cultural São Paulo. Entre as principais coletivas, destaque para a exposição Antártica Artes com a Folha e Por que Duchamp?, ambas em São Paulo, além de sua participação nas três primeiras edições da Bienal de Artes Visuais do Mercosul, em Porto Alegre.

Como cenógrafo, trabalhou para as peças As Núpcias de Teodora, com direção de Décio Antunes e texto de Ivo Bender; Rei Lear, com direção de Nestor Monastério; Ano Novo, Vida Nova, de Vera Karam, com direção de Décio Antunes; In Surto, do grupo Falus & Stercus; Novena à Senhora da Graça, de Theodemiro Tostes; Maria Degolada, dirigida por Camilo de Lélis, e para as óperas Carmela, de Araújo Viana, e Boiúna, de Walter Schültz, ambas montadas pela OSPA, Orquestra Sinfônica de Porto Alegre. Em 2000, recebeu o Prêmio Açorianos de Teatro, como melhor cenário, para a peça As Núpcias de Teodora.

Atualmente, além do trabalho à frente de seu atelier, em Porto Alegre, Felix Bressan é professor junto ao curso de Design do UniRitter, em Porto Alegre, e dos cursos de Moda e Estilo e de Tecnologias Digitais da UCS, em Caxias do Sul.

Estilista e um perfeito cidadão do mundo, Carlos Brum Motta nasceu e morreu no Rio Grande do Sul, mas construiu sólida trajetória no exterior, tendo trabalhado para importantes lojas e grifes internacionais, a exemplo da Phenomena Inc, de Nova Iorque, e a Le Jardin Moghol, de Paris.

Motivado pelo universo da arte e do vestuário, Carlos foi um mestre no redesenho e reaproveitamento de roupas e tecidos. Para ele, não havia nada, em termos de vestuário, que não pudesse ser feito e reutilizado. Daí a sua paixão por brechós e lojas de usados, nos quais invariavelmente sempre encontrava algo no princípio estranho e por vezes até grotesco, mas que, a partir de seu olhar e talento, revelava-se completamente diferente e atualizado.

Carlos iniciou-se muito cedo nas artes da costura, primeiro na cidade de São Sepé, praticando a técnica com velhas tias e vizinhas, depois tomando gosto pelos já citados brechós. No início dos anos 80, muda-se para Nova Iorque, onde primeiro trabalha confeccionando chapéus e acessórios para a cabeça, depois como estilista da Phenomena Inc. No final da década, monta atelier próprio em Paris. É na capital francesa que vai trabalhar para a grife Le Jardin Moghol, que lhe possibilita uma viagem à Índia, onde conhece a tradição da estamparia manual e de diferenciados métodos de costura, a exemplo do appliqué. Depois dessa viagem, seu trabalho toma um rumo bastante singular. Ele passa a explorar mais tenazmente as possibilidades oferecidas pelas técnicas aprendidas, porém com uma linguagem bastante contemporânea. Ainda naquele país, produz desenhos para carimbos, que são confeccionados pelos artesãos locais. Com esse material, cria coleções de vestuário e artigos de decoração.

Em 2000, ainda vivendo em Paris, produziu uma das peças para a coleção de Christian Lacroix. Um ano depois, em 2001, retorna ao Brasil e passa a produzir peças voltadas ao vestuário e à decoração, participando de eventos voltados a esse mercado e ministrando conferências e cursos sobre as técnicas que acabaram marcando sua produção: estamparia manual e appliqué. Foi professor convidado do Centro Universitário Ritter dos Reis, ministrando oficinas para alunos do Curso de Design e interessados em geral.

Falece no final de 2006, em Porto Alegre.

em cartaz
Até 20 de maio de terça a sexta, das 10h às 19h; sábado, das 10h às 20h; e domingo, das 10h às 18h.
Entrada franca

local
Fundação Ecarta – Av. João Pessoa, 943 – Porto Alegre